sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Prêmio Açorianos de Literatura

Pela primeira vez em sua história, o Prêmio Açorianos de Literatura viu sua principal distinção ser repartida entre duas obras. O prêmio para o Livro do Ano foi para os volumes Teatro de Arena: Palco de Resistência, de Rafael Guimaraens, e Machado e Borges e outras histórias de Machado de Assis, de Luís Augusto Fischer. Os dois dividirão o prêmio em dinheiro, no valor de R$ 10 mil.

(...)

Em sua 15ª edição, o Açorianos premiou também nas categorias Especial, Conto, Crônica, Poesia, Ensaio de Literatura e Humanidades e Literatura Infantil, numa noite que contemplou também capa, projeto gráfico/design, editora, mídia impressa, mídia digital (blogs e sites), rádio e projetos de incentivo, promoção e divulgação da literatura. O evento contou ainda com a participação da Orquestra Juvenil do Instituto Popular de Arte-Educação (IPDAE), numa apresentação especial.




Livros do Ano

Título: Machado e Borges e outros ensaios sobre Machado de Assis

Autor: Luís Augusto Fischer

Editora: Arquipélago Editorial

Título: Teatro de arena - Palco de Resistência

Autor: Rafael Guimaraens

Editora: Libretos

Narrativa Longa

Título: Acenos e Afagos

Autor: João Gilberto Noll

Editora: Record

Especial

Título: Teatro de Arena - Palco de Resistência

Autor: Rafael Guimaraens

Editora: Libretos

Conto

Título: Tocata e Fuga

Autor: Luís Dill

Editora: Bertrand Brasil

Crônica

Título: Agora eu era

Autor: Cláudia Laitano

Editora: Record

Poesia

Título: Lunário Perpétuo

Autor: Eduardo Dall'Alba

Editora: Belas Letras - Espaço Engenho e Arte

Ensaio de Literatura e Humanidades

Título: Machado e Borges e outros ensaios sobre Machado de Assis

Autor: Luís Augusto Fischer

Editora: Arquipélago Editorial

Literatura Infantil

Título: Brincriar

Autor: Dilan Camargo

Editora: Projeto

Literatura Infanto-Juvenil

Título: Uma Colcha muito Curta

Autor: Sérgio Capparelli

Editora: L&PM

Categoria Capa

Título: Eros em Decúbito e outras histórias

Autor: Alpheu Godinho

Editora: Livraria Palmarica e Editora.

Capista: Rudiran Messias

Categoria Projeto Gráfico/Design

Título: Porto Alegre: Cenas Urbanas, Paisagens Rurais

Autor: Eurico Salis

Editora: Edição do Autor.

Projeto Gráfico/Designer: Manoel Petry

Destaque em Editora

Não Editora

Projeto de Incentivo à Leitura e Divulgação da Literatura

Porto Poesia

Responsável: Marcelo Celso H. Viola.

Destaque em Mídia Impressa

Jornal do Comércio, Suplemento Viver

Editora: Maria Wagner.

Destaque em Mídia - Rádio

Rural em Prosa e Verso - Rádio Rural AM

Apresentação: Adriana Braun.

Destaque em Mídia - Rádio

Transmissão de Pensamento - Rádio Ipanema FM

Apresentação: Ricardo Silvestrin.

Destaque em Mídia Digital - blogs e sites

Site Artistas Gaúchos

Editor: Marcelo Spalding.


Fonte: Zero Hora

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vice-versa de dezembro

Nosso Vice-versa de final de ano é com duas profissionais bastante dedicadas na área de LIJ. A escritora e produtora cultural Marô Barbieri bate um papo com escritora e ilustradora Marilia Pirillo. E vice-versa.

Marília pergunta. Marô responde.

Marília Pirillo - Marô, conta um pouco como a literatura infantil entrou na sua vida e tomou conta dela. Dá pra colocar uma ordem nos acontecimentos? A leitora se tornou professora e depois a contadora de histórias virou escritora?

Marô Barbieri - A literatura sempre fez parte da minha vida desde as leituras de criança até a escolha do curso de Letras para formação acadêmica. O livro sempre me acompanhou (aliás, quando casei, meu marido e eu não tínhamos quase nada, mas tínhamos um monte de livros!). Dá para ver, portanto, que a leitura foi sempre uma paixão, além de obrigação profissional.
A literatura infantil entrou na minha vida quando fiz um projeto de introdução à literatura nas séries iniciais do I Grau, no colégio João XXIII, e fui trabalhar com as turmas de 1ª a 4ª série. No processo de implantação do projeto fui conhecendo melhor a produção literária para crianças e as características de cada faixa etária já que eu atendia dezesseis turmas por semana (quatro por série), sempre com uma proposta de leitura e atividades lúdico-criativas.
Neste contato, percebi que podia ser uma boa contadora de histórias. Da contação à escrita foi um passo rápido. Por que não documentar a criação oral? Mas como a passagem não é tão fácil assim, meu texto foi amadurecendo com o tempo e com a percepção de que um trabalho cuidadoso com a palavra é que distingue o verdadeiro escritor.
Portanto, de fato, a professora se tornou contadora (atividade que também desenvolvo atualmente) que se tornou escritora.

MP - O contato constante com crianças e com professores contribui de alguma forma no seu processo criativo como escritora?

M - Há, naturalmente, alguma relação. Procuro trabalhar nos dois eixos: contato com a criança (em escolas, em feiras e em quaisquer espaços culturais direcionados ao público infantil) e interação com professores (em oficinas, cursos, palestras e eventos pedagógico/culturais). Isso me permite uma observação ampla e diversificada dos interesses dos dois grupos. Então ficam na memória pedaços de conversa, uma frase ou outra ouvida no meio das brincadeiras, a voz de uma sugestão, um gesto ou olhar especiais.
Mas não é isso que vai pesar na hora de elaborar o texto. Acredito que cada autor – como qualquer artista - precisa ser criativo e, principalmente, original na escolha de seu universo ficcional. Cabe a ele desenvolver-se criativamente, aproveitando as oportunidades oferecidas pela convivência, mas não dependendo delas.


MP - Na sua opinião, a contação de histórias é um instrumento eficiente na promoção do livro, da literatura e na formação de público leitor?

M - Sem dúvida a contação de histórias pode ser um meio potencializador de formação de leitores. A relação com o livro pode ser criada pela contação. Para isso é preciso que a história contada seja a interpretação oral de um texto de livro ou até a reprodução memorizada do texto escolhido.
A contação é uma atividade oral, mas – se apoiada em texto escrito – abre a janela para o texto, aproxima, interessa e cativa o ouvinte para o contato com o texto gerador. E deste para todos os próximos que virão.

MP - Além de escrever você se ocupa com a edição, distribuição e comercialização de seus próprios livros, ou seja, acompanha a obra do início até o destino final, os leitores. Quais as vantagens e desvantagens de estar ligada a esse processo?

M - Como a relação entre escritor/editora não é muito equilibrada, quer dizer, como o autor recebe um percentual muito pequeno na venda do livro, resolvi assumir o compromisso de publicar meus próprios textos. Não sem antes passá-los por uma comissão editorial que me assegura sua qualidade. O trabalho é árduo, mas compensador. Um exemplo: como circulo muito nos espaços escolares e culturais, a divulgação e a distribuição – que são dificuldades sérias na comercialização – se fazem naturalmente.
Claro, não é fácil ser editora, financiadora, divulgadora, telefonista, empacotadora e ainda realizar uma boa performance nos encontros autora/leitores, mas quando se faz o que se gosta, tudo se torna viável. E o retorno financeiro é muito compensador.

MP - Envolvida em mil e uma atividades como associações, oficinas, fóruns, encontros e rodas de leitura, com certeza você tem material suficiente para a publicação de um livro sobre qualidade, incentivo e dinamização da leitura de literatura infantil e juvenil nas escolas. Este projeto já existe?

M - Não. Justamente por estar envolvida e comprometida com a promoção da leitura e da literatura em variados espaços, não me sobra tempo para escrever senão texto literário.
Mas não digo que seja impossível. Tenho um projeto com uma amiga francesa que prevê o relato de atividades de leitura feitas no Brasil e na França, acrescidos de reflexões teóricas sobre as práticas relatadas. Só não sei para quando...

Marô pergunta. Marilia responde.

Marô Barbieri - A gente se conheceu em Porto Alegre, há algum tempo atrás. Você ilustrou dois dos meus livros e sempre fui fã de seu trabalho. Morar no Rio, atualmente, faz diferença em sua vida profissional? Em quê? Por quê?

MP - Minha mudança para o Rio de Janeiro ocorreu por motivos profissionais. Novas oportunidades e a possibilidade de, depois de muitos anos trabalhando com ilustração publicitária, poder me dedicar exclusivamente à literatura, como sempre desejei, acenavam para mim. Hoje, morando no Rio, tenho a chance de participar de eventos, encontros, oficinas e cursos de literatura. Entre eles a oficina literária ministrada pela Anna Cláudia Ramos, atual presidente da AEI-LIJ, mestre e amigona. Essa oficina em especial tem sido uma aprendizagem muito rica e estimulante, um marco na minha carreira.

M - Dentro ou fora da ilustração, que atividade você ainda não fez e gostaria de fazer?

MP - Em ilustração já fiz muita coisa, em diferentes estilos e para diversos fins, mas ainda quero fazer muito mais. Só que, agora, somente para os livros. Atualmente estou empolgada em desenvolver os meus projetos, onde escrevo e ilustro buscando sempre a melhor maneira de contar as minhas histórias.

M - Você é – também – escritora. Seu “Baratinada”, da editora Biruta, é um ótimo livro, com texto ágil e divertido. O fato de ter ilustrado tantos textos colaborou para que você tivesse vontade de escrever? Ou é uma idéia antiga finalmente posta em prática?

MP - Sempre tive vontade de escrever e sempre escrevi muito, mas nunca tive coragem de mostrar o que escrevia. Na escola e na faculdade (cursei Publicidade e Propaganda na PUC) sempre fui elogiada pelas minhas produções textuais, mas eu não me achava capaz de escrever literatura de boa qualidade. E acho que ainda não era mesmo (risos). Tenho pastas e pastas com textos amarelados, todos cuidadosamente engavetados. Foi aqui no Rio que comecei a estudar para escrever de maneira séria: fiz curso de roteiro, história da arte, estudei literatura, crítica literária, literatura infantil e me enfiei em todas as oficinas de LIJ que apareciam. "Baratinada", meu primeiro juvenil, nasceu de um exercício feito em uma dessas oficinas.

M - Soube que você esteve na Itália – terra de artistas magníficos – fazendo um curso de aperfeiçoamento. Houve mudanças em seu trabalho depois disso?

MP: Em julho de 2007 estive em Sármede, participando de dois cursos de ilustração para livros infantis. Foi maravilhoso ficar 8 horas por dia mergulhada em desenhos e pinturas, experimentando, observando, aprendendo e criando, sem prazos nem qualquer outro compromisso da vida rotineira interferindo no processo. Aprendi muito lá! E a principal mudança no meu trabalho, depois de Sármede, foi um certo "relaxamento" em relação ao que anteriormente eu consideraria um "erro". Hoje arrisco mais, busco novos materiais, novos efeitos, deixo as coisas acontecerem e tiro proveito dos acasos. E assim, sinto muito mais prazer ao ilustrar.

M - Todos temos planos para o futuro e eu tenho por hábito brindar com os amigos, dizendo: “Ás coisas boas que vão nos acontecer!”. Quais são algumas das coisas boas que vão lhe acontecer?

MP - Adorei esse brinde! Vou usar em todas as festas de final de ano (risos). Bem, o que vai acontecer... eu vou aprender muito, vou escrever muito e ilustrar muito mais!E depois eu vou mostrar tudo isso para milhares de leitores, nos vários livros que irei publicar (risos). Tem muito livro na minha cabeça pedindo passagem.Só preciso de saúde e do tempo que o futuro vai me dar.

Repensando a feira do livro

A visão do autor sobre os encontros com leitores em escolas e em eventos literários, ocorrerá no encontro Repensando a Feira com a Escola, que a CRL realizará no sábado, dia 6, às 10h30min, no auditório do Instituto Cultural Brasileiro-Norte-Americano.

A mesa, mediada pelo escritor Hermes Bernardi Jr. (coordenador regional da AEILIJ), discorrerá sobre as experiências das escritoras Anna Claudia Ramos e Sandra Pina, e o ilustrador Salmo Dansa, com este tipo de encontro. O que estes profissionais consideram essencial na preparação dos leitores para que sejam realmente produtivos?

A Câmara Rio-Grandense do Livro desenvolve, com diferentes parceiros, três programas de leitura (Adote um Escritor, na rede municipal de ensino de Porto Alegre; Fome de Ler, em escolas públicas de doze municípios da região Centro-Sul do Estado; e Lendo pra Valer, em escolas estaduais da região metropolitana de Porto Alegre) e um projeto (A Feira vai à Fase, para menores que se encontram cumprindo medida sócio-educativa), além dos encontros que ocorrem durante a Feira do Livro de Porto Alegre.

Ações como o Repensando a feira procuram investir na qualificação do professor-leitor e dos demais mediadores da leitura, além de promover uma reflexão sobre o papel da escola na formação do leitor.

Mais um anjo que se vai


O Teatro gaúcho perde Olga Reverbel. Professora e autora de livros sobre artes cênicas tinha 91 anos.

Referência no teatro gaúcho, a professora Olga Reverbel faleceu à 2h10min desta segunda-feira, aos 91 anos. Internada havia duas semanas na CTI do Hospital de Caridade de Santa Maria, em decorrência de uma infecção, Olga estava inconsciente e ontem teve falência do sistema renal.

Nascida em São Borja e criada entre Uruguaiana e Santana do Livramento, Olga cursou a Escola Normal e tornou-se professora de teatro aos 17 anos. Aos 23, veio a Porto Alegre para estudar no Departamento de Arte Dramática (DAD) da UFRGS. Em 1941, casou-se com o jornalista e escritor Carlos Reverbel (1912-1997), autor de livros como Barco de Papel (1978) e Um Capitão da Guarda Nacional (1981), biografia de Simões Lopes Neto. Ainda na década de 1940, o casal morou em Paris, onde Olga estudou na Universidade Sorbonne.

Nos anos 1980, em Porto Alegre, a professora montou sua própria oficina de teatro, que recebia alunos de diferentes idades. Como atriz, teve incursões pelo cinema no longa Noite (1985), inspirado no romance homônimo de Erico Verissimo, e no curta Quadrilha (1999).

Autora diversos livros voltados ao ensino de teatro, como Jogos Teatrais na Escola (1996), Olga lecionou até o final da década de 1990. Um tanto abatida pela perda do marido, decidiu em 2000 mudar-se para Santa Maria, onde mora a filha única do casal, a artista plástica Beth Reverbel de Souza. A neta Juliana conta que, nos últimos dois anos, a avó vinha reduzindo suas atividades.

— Ela andava só lendo e vendo TV. Parecia meio entediada — disse Juliana.

Olga deixa, além de Beth e Juliana, outros dois netos, Carlos Eduardo e Maria Luiza, mãe dos dois bisnetos da professora, Lucca e Joana. O corpo de Olga estava sendo velada no Cemitério Santa Rita, em Santa Maria. Ela deve ser sepultada às 18h de hoje.

ZH